quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ela estava maquilhada às pintas,
maquievélica, pintada,
com ares de requintada puta,
ou de vaca malhada.

Ele era o boi, sempre o foi,
controlado, com pouca bravura
cornudo, de olho cerrado,
outrora cobridor, agora castrado.

Ela era tudo o que mostrava, ele nunca o mostrou,
Ela era a rainha da arena,
ele apenas coreografava, a morte por ultima estocada,
antes de sair de cena.

A espectador aficionado, gritava olé,
com tamanha sangria atada
o publico fascinado, ponha-se de pé.

Um sem o outro, não eram nada.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tinha no bolso o cartão de sócio,
um isqueiro e alguns euros,
que ela ainda tratava por escudos.
Tinha no joelho uma artrose,
que mais tarde se tornou prótese
e depois um longo vagar.
Tinha uma casa T3,
que quando de 2, restou 1,
habitou o corredor, onde podia passear.
A esquina dá para 3 ruas,
a da direita, a da esquerda
e a rua da própria esquina.
A rua da esquina não tem nome,
de politico ou celebridade
olisípografo, data ou efeméride.
Na rua da esquina,
o Senhor Doutor, bate na mulher por amor;
bate só por amor;
Nesta esquina
os homens jogam belga na esplanada
e o homem da tv cabo
cai do alto do seu escadote para partir o queixo;
À esquina
a vizinha de cima, dá à treta
com a surda do rés do chão
e falam muito alto as duas, mesmo a que está em baixo.
Dobrando a esquina
a criança fica jovem, e o jovem, adulto
o adulto fica velho, e o velho, mais velho
idoso, até que morre.
O tempo desta rua,
tem o caminho de quem passou,
de quem passa ou vai somente passear.