domingo, 27 de julho de 2008

Viva!!!

é tempo de mudar,
de partir de férias, existir e ser feriado.
é tempo de deixar de ser ùtil,
utilizar o corpo ao bronze,
refletir sol,
mês mesclo, meredional.
é tempo para parar o relógio,
deixar de rezar e largar putos.
utilizar as manhãs feitas de manha,
ganhar o bronze das olimpiadas,
correr ao sol de bicicelta,
mês morto, mortalha.

Ser puto, rodopiar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

És rosa sem classe ou cheiro
Fruta de Outono com bicho lá dentro.

Natureza morta.

Comprei o quadro pela moldura.
Olhos cerrados
Novamente cerrados
Sem sono
Parados
Olhos gastos.

Escrevo o que penso
Para não ter de dizer
Que sinto peso na esferográfica
Vontade imensa de adormecer.
Já nada fazia sentido,
Os outros eram nulos, invisíveis,
Fechávamos os olhos.

Hoje houve finalmente silencio.
Crias-te o esboço e o inqualificável. Não resultou.
Sais-te não te impedi.
Colávamos as margens com a minha ponte,
de única via, com portagens, sem saída.
Estávamos sufocados, perdidos;
Eu perdido dentro de ti, sem saber de mim,
Tu dentro de mim, sozinha a procurar-me.

O céu nunca te prendeu,
Voavas para fugir.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

salmo

Quase de raiva dó de dormente, dor,
Sem nota nem anotação, sem gráfico de medida,
Equação.
Tudo matemático, de cabeça, pela raiz de cabelos,
Corte, cabeça rapada, tábua rasa, arrasar.

Sem aquilo que me escapa e faz falta ao condimento,
Sem papas, papo ou dente de alho,
Tudo cru
Conversa em ponto cruz, credo, bife em sangue,
Deus me livre, pão nosso.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O à mar, é.

Ondas de espuma ,
abraços de estrela ventosa
o mudar da maré.

Ser mexilhão na regusidade da rocha,
quieto, aceitar as rugas.

sétima

Neste silêncio, neste tempo
Aquela praia, aquele verso
Dorme o tempo, dormem as pessoas
Na tua voz, os teus braços;
Cortas o silêncio, cortas o descanso,
com os versos, na areia, as pessoas,
Neste tempo curto, estendido.
Como esta música,
que solta movimentos de criança;
brinco nos limites da idade.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

RetraTo-TE

Adoro o que se ri, sem ser ridículo;
O que ignora, sem ser ignorante,
Aquele que é, sem querer ser.

Adore o tu, sem ser o eu;
adoro-Te.

Lulu e o dia balnear - II

O sol afinal não gozou o feriado, apenas pegou tarde ao serviço, disposto a mostrar trabalho e a recuperar o tempo perdido.
A mãe também ganhava tempo em manobras e atalhos, que embora sendo mais curtos, tinham mais curvas e pavimento irregular, conseguindo baralhar de forma exemplar, o estômago de Luísa. Encostou o carro, perdendo o tempo ganho, enquanto a filha detrás da arvore, afirmava “ já tou bem, não precisamos de voltar para casa”.
Luciana ampliou a capacidade da sua paciência seguiu em frente, enquanto a filha atrás, brincava com a boneca, que se movimentava em sítios específicos, predeterminados e estudados à exaustão. Linhas imaginárias, que delimitavam as divisões da casa, a piscina e o jardim arquitectado por arbustos labirínticos.
Nestes perderam-se homens e mulheres, que lá se iam encontrando e conhecendo. Outros perderam-se novamente de amores, alimentando-se de amoras, e bebendo das fontes que embelezavam o jardim.
Actualmente com um sistema de video-vigilancia, descobriam-se os menos afoitos, que eram resgatados por um helicóptero.
O chapéu de palha era o helicóptero, que durante a viagem já tinha salvo a Larbie e o Len quatro vezes.
Apesar da hora, a praia ainda se apresentava vazia, e a bola de borracha bege às bolinhas brancas, pôde saltar livremente pela areia. A bola era o mundo, que se sujava na areia, se lavava na agua seguindo o trajecto do empurrão. Parava quando não tinha mais força para avançar, ou quando as mãos diplomáticas de Luísa a seguravam.
Ela ficou cansada, dos músculos, da areia entranhada no dedo mindinho dos pés, da água gelada, do calor…cansou-se.
Comeu de enfiada o farnel e pediu à mãe para voltar para casa.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

U
DO
TRÊ
QUAT
CINCO

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O meu sotão

Visitar um sótão, reserva-nos sempre surpresas encantadoras.
Num armário, uma pilha de livros policiais, conservados numa pelicula espessa de pó. A meio da pilha, a descoberta.
Um livro escrito por um tal Sr. Wilson Tucker, provávelmente o seu nome "artistico", que tem como sugestivo titulo "Pago para morrer".
A capa tem um fundo vermelho sangue como se quer para qualquer policial, e a ilustracão é composta por uma mulher de biquini amarelo, com um revólver em segundo plano.
Debaixo do titulo, esta ilucidativa frase: " Duas irmãs, uma pequena mala, e um homem candidato a cadáver.
Contra-capa, e mais surpresas, uma sinopse do raio, que passo a trancrever.

"Clay gordon estava sem sorte, sem dinheiro e sem emprego. Um antigo camarada arranjou~lhe emprego e o dinheiro, mas Clay bem sabia que continuava a precisar de muita sorte no trabalho que tinha aceitado: nada menos que conduzir clandestinamente para fora do páis duas irmãs, uma das quais casada com um conhecido gangster e a outra amante ciumenta do mesmo Bandido".

Querem mais? Aqui vai.

"Viajavam com o minimo de bagagem, mas as duas irmãs para onde quer que fossem, não largavam a pequena mala de viagem. Pelo perigo que os rondava continuamente, Clay não tinha duvidas nenhumas que ela continha qualquer coisa de muito valor de que alguém tentava apoderar-se sem olhar aos meios, inclusive pelo assasinio.
Clay depressa conclui que lhe tinham PAGO PARA MORRER com um bilhete simples de viagem para a eternidade".

Saliento que é uma trancrição o conteudo e pontuação do texto, não são de minha responsabilidade.
O melhor para o fim, PERSONAGENS:

CLAY GORDON- um homem de muitas aventuras, a mais perigosa das quais quando se meteu a dama de companhia.

ANSON FORD- ajudou Clay a sair duma situação difícil para o enterrar noutra ainda pior.

SYLVANIUS MARCHI- os verdadeiros gangsters nunca se reformam, só mudam de poiso.

ANNETE- uma boa esposa, uma boa mãe, uma perfeita ingénua.

FUGERE- tinha mais cautelas com a pequena mala de viagem do que com a sua virtude.

BILLY-O-CHORÃO- não tinha sangue nas veias; tinha rum.

Como livro, é muito fraquinho, enquanto objécto dramático é de valor incalculável.

2 de junho 2008

“Vamos brincar ao toca e foge,

não é assim tão infantil, sem ser por isso menos ingénuo
ou necessário,
é por certo perigoso.
Podemos correr e arriscar,
dar o passo errado do tropeção,
nunca mais andar,
Dante`s é passado, escrita mofa e quente
e nós arriscamo-nos a escrever novas regras.

“Jogamos antes à apanhada? Para ser aprisionado no teu coito.”
!!!
“Agora a sério, estava a brincar. “

Lulu e o dia balnear - I

O dia era dedicado ao feriado e o sol aceitou a folga, no entanto a cesta estava preparada com os objectos balneares, e Luciana sabia que a sua filha não aceitaria o “não” como resposta.
Pesando o mais forte de todos os pesares, o mar e a areia esperavam-na.
Com o embalo do sono, e a perspectiva das marés, preparou o farnel, gritando “Luísa”, no fundo dos pulmões, enquanto preparava a última sandes.
A filha acordou logo, como se estivesse munida de um sistema activado por voz, uma resposta seguida à pergunta. Esperava à horas que o seu nome fosse debitado pelo corredor, e chegasse ao quarto em forma doce de convite. Como aquele do aniversário de Leonardo, esperou mas nunca recebeu.
O fato de banho às bolinhas, estava posto de véspera no cimo do cadeirão, assim como as sandálias de borracha rosa, os calções às riscas rosa, e o chapéu de palha que só se vendia com fita azul. Para sua grande tristeza.
Luísa vestiu tudo tão rápido, que as sandálias trocaram de pés, e os calções ficaram por debaixo do fato de banho. Passou então as mãos em concha nos olhos e desenhou na cabeça um sistema infalível, para que tudo saísse perfeito.
Começava pelas sandálias, cada uma no respectivo pé, o fato de banho, os calções, o chapéu, “os óculos, mãe”.
Onde estavam os óculos da feira, só o Sr. Leôncio vendia uns em forma de borboleta, que ela tanto gostava.Aqueles que em dia de muito calor, olhando directamente para o sol, batiam asas, fazendo os pés flutuarem pelo tórrido asfalto.
Este ano a mãe já tinha comprado três, e ainda hoje não sabe o destino dos dois anteriores.Poderia jurar que os deixou no cadeirão, dentro do chapéu, debaixo das bolinhas do fato e das riscas dos calções.
Ainda por cima a mãe tinha prometido (promessa parva, achava Lúisa)que eram os ùltimos que lhe comprava este verão.
Ficou triste e desmoralizada, os olhos como que se refrescando de tanto calor, escapavam lágrimas, que se uniam às gotas de suor nas bochechas.
O problema não apresentava solução, pelo menos solução fácil. Quase lhe lembrava os exercícios de matemática da professora Lina.
- “Mãe os óculos” e saiu disparada do quarto.

Aos queridos

A vossa pressão positiva faz-me avançar.