terça-feira, 26 de agosto de 2008


O morto descansa na praia
Os olhos de alguém que o fixa
Os abutres que se chegam ao mar
No silencio da maré vaga,
O pescador acena ao morto
A traineira morde a areia
Presença de nefasta cor
A criança que experimenta o desejo
A mãe que abraça a dor,
Redes atiradas ao sal
O castigo do tempo,
A rotina que corrói o corpo,
uma necessidade de descansar.
Outro dia morto.
De carinhos,
de ti quem sabe,
Amordaço ao peito
O desejo de algo superior,
Intimo,
Uma amizade
Que esbraceja mais forte,
Um ouvir sem palavras
o que para mim significas
Pássaro de asa curta
De olhos brandos
Amo amar-te assim
Simples,
sem compromissos ou velhas ideias,
Um sentimento que me isola,
Embora libertes em mim
Pássaro de asa curta
O desejo amordaçado ao peito

domingo, 3 de agosto de 2008

Não é que olhe, mais ou menos para ti.
Olho de maneira diferente, quase não consigo olhar.
Tudo,
Tudo na generalização, tudo numa só palavra,
Todos.

O outro está do lado de lá
De frente a mim,
quase ao contrário,
o esquerdo do outro,
Está à direita, enfim.
O outro também sou eu.
Ai de mim.
Curiosamente, Mário defrontava a luz
Com óculos fundo de garrafa,
E com a garrafa no fundo dos seus olhos,
bem segura nas mãos; firme.


Maria gostava de sol,
e de coisas com muita cor,
Tinha como sonho, ser espanta pardais,
Espalhafatosa e engraçada; feliz.


Mário nunca conheceu Maria.
Maria nunca conheceu Mário.


Porquê tantas palavras,
Nem todas as histórias se conjugam.


Digamos que Mário,
Viu a Maria ao sol,
Com braços abertos em asa.


Digamos que Maria
Via outra luz, nos óculos de garrafa,
Ou um outro mergulho no fundo desta.


Porquê tantas palavras. Apaga a luz.